História de Campinas – Casa Paulo comemora 85 anos

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Rogério Verzignasse

A gente fica emocionado quando entra na Casa Paulo. Aquele estabelecimento, fundado há 85 anos, preserva o mesmo charme da época em que foi fundado, em 1919, pelo tcheco Frederico Pavlú. Com aquele sobrenome complicado, o imigrante acabou registrado por aqui como Frederico Paul. E, do inglês para o português, foi um passo. Paulo fundou em Campinas uma loja para o comércio de quadros e molduras, freqüentadas por feras das artes plásticas em todos os tempos. Como Salvador Caruso, Lélio Coluccinni e Francisco Biojone, en-tre muitos outros.
Mas a loja, nas últimas décadas, foi “engolida” pela Campinas que cresce sem parar. Localizado na Rua Ernesto Kuhlmann, a alguns metros do Mercadão e dos ávidos camelôs, o estabelecimento teve de se adequar ao público consumidor que passa pelo Centro. De olho na clientela mais modesta, a Casa Paulo começou a vender acessórios de decoração fabricados com vidro e gravuras. Para os fiéis consumidores das molduras, foi criada uma loja exclusiva. A filial em Barão Geraldo foi fundada há seis anos para o atendimento à comunidade acadêmica. É que, em Barão, a decoração ambiental continua sendo um requisito básico para se bem viver. No Centro, os objetos decorativos, mais em conta, são os alicerces financeiros da empresa. Estão lá as pequenas pinturas enquadradas, os vasos, e as imagens de Jesus Cristo, Nossa Senhora e da Santa Ceia, tradicionais nas residências católicas. Mas continua havendo procura pelas molduras: gente que vai à Casa Paulo interessada em enquadrar diplomas ou fotografias de parentes. Hoje, a quarta geração da família se prepara para assumir a empresa.
Os proprietários atuais, Hans Pavlú Júnior e seu irmão, Germano, são os atuais diretores. Mas no balcão trabalha Hans Pavlú Neto, bisneto do fundador Frederico, que se formou na faculdade de Administração de Em-presas e está decido a permanecer por ali. Os visitantes ficam impressionados com a coleção de fotos antigas, como aquela de 1949, quando aconteceu a comemoração pelo 30º aniversário da casa. Como em festa que se preze não pode faltar gente influente, aparecem na imagem ex-prefeitos, vereadores e empresários. Outros tesouros se espalham pela loja. Como a primeira máquina registradora, fabricada há meio século, e a primeira máquina de escrever que era usada pelo pessoal do escritório. Bom, o tempo passou. A Casa Paulo enfrentou muitas mudanças de presidente, novas moedas, infinitos e rocambolescos planos econômicos. Já não pode ter o mesmo número de empregados de antes. O funcionário mais antigo, Brás Coelho Pimentel (que foi contratado como varredor quando menino e se tornou num dos mais conhecidos quadristas da cidade), se aposentou há dois anos. Hoje, os negócios são tocados por Hans Júnior, Germano e Hans Neto. O futuro diretor Hans Neto, de 24 anos, confessa o segredo da sobrevivência. “Uma loja não pode contar com um único grupo de clientes”, diz. “A gente procura oferecer produtos para gente de todas as classes sociais. O produto pode ser caro ou barato. Ele conquista a fidelidade do cliente quando tem qualidade.”

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